quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Carty e Helena



Todos os dias voltando para casa, passava por uma casa escura, com as luzes apagadas e apenas com um casal sentado na varanda a luz de velas. Eles todos os dias conversavam com um tom de sussurro, eu falava e eles lá sempre meio mudos.
Eu senti arrepios depois de passar a ultima vez lá, quando cruzei a rua e entrei na esquina, a casa tinha sumido. O casal estava vindo no outro lado da rua, um separado do outro... o homem com um pássaro negro no ombro e sua mulher com um buquê de flores.
Eu os esperei, esperei com medo e eles passaram sem falar, e apenas foram embora. Não voltando a ver aquela casa, mas acordando dia após dia com aquele pássaro negro e flores na minha janela, lembrei desse casal todos os dias, os nomes deles? Carty e Helena Collins. Não foram outra vez vistos por mim, não como uma realidade, mas como vidas a serem esquecidas.

Os mesmos sonhos tenho todas as noites e isso já me assustou um dia,
me fez pensar que era um aviso, acho que isso só deveria acontecer por pura alucinação,
mas sempre foi real, nunca uma imagem na minha mente, mas uma imagem na minha realidade,
sem medo mas com medo de encarar o que isso pode ser...
me fecho no escuro dos olhares de Carty e Helena,
e vago lentamente nas sombras das ruas da casa em que eles moravam.

Abraão Da Silva

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