sábado, 21 de março de 2015

Eu, Aquele

Eu, aquele,
sonhador sem sonhar.
Viajante de bares,
imundos lugares.

Eu, sozinho,
com lápis e papeis.
Sentindo o chão nos pés,
sem ter os pés no chão.

Dividindo o ar,
de cigarros há fumaça.
Bebendo no mesmo copo,
das moscas e traças.

Eu, aquele,
morador das ilusões.
Chorando nos versos teus,
sem lê-los nem senti-los.

Eu, migrante,
de mente em mente ao meu alcance.
Estranho estrangeiro,
que tem o mundo inteiro.

Cada sonho num lugar,
cada boca, uma dança, um par.
Toda estrada é diferente,
curvas longas e sem presente.

Abraão da Silva

A última poesia (ao vento)

Continue sorrindo,
és ainda mais bela assim.
E fica linda de vestido preto,
de frente pro espelho.

Sendo ou não,
digno de sua atenção.
Te faço essa poesia,
a ultima, ou até um dia.

Que não seja a última,
que volte a me amar.
Perdoar no que errei,
mesmo sem eu errar.

Não importa onde está,
Sul ou Pará.
Ainda bate no meu peito esse amor,
que por ti escolheu bater assim.

Não importa se vier,
ou se vai ficar.
Em mim, todo o amor que te dei,
ainda assim existirá.

Abraão da Silva

sábado, 13 de setembro de 2014

Santíssima Trindade

A vida,
eterna vadia.
Dona de cada sentimento,
produto em que vivemos.
Lutadora, sofredora e depressiva,
vida que não segue, vida opressiva.

A morte,
diamante bruto.
Sem nenhuma beleza,
sem qualquer intenção ruim.
Ofende até mesmo si própria,
devassa por todas as horas.

Paz, paz qualquer,
sem pudor.
Uma única mulher,
sem filhos e sem ambições.
Paz de um dia de ilusões,
Ilusões de um dia ter paz.

Abraão Da Silva

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O Drama

Tudo igual,
sempre igual.
Réveillon ou carnaval,
tanto faz.

Tudo eterno,
tanto amor.
Quanta dor,
mas que dó...

Abraão Da Silva

Mesmice

De noite, noitinha,
chegando o fim do dia.
Esperando a hora de dormir,
e querendo uma distração.
De dia, com sono,
mesmo sem poder dormir.
Rotina chata essa minha,
mas ainda sim continuo seguindo.

De noite, cansado,
querendo o seu corpo no meu.
Um copo de vinho tinto,
qualquer marca, pode servir.
Um tanto gelado,
um vinho antes de dormir.

Abraão Da Silva

Nata

Eu não sou nada,
não tenho casa.
Não conheço gente importante.

Eu sou do subúrbio,
da favela, de lugar nenhum.
Sou a nata, sou da nata,
dessa tal humanidade.

Sou prisioneiro,
castigado por Deus.
E inimigo dessa sociedade,
sou a nata, sou de verdade.

Abraão Da Silva

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Versos Teus

Havia muito de ti em meus versos,
mais de ti do que palavras.
Havia muito de ti em meus sonhos,
sonhos tão lúcidos, mas tão distantes.

Tão longe está sua boca,
quanto mais longe, mais desejo teu beijo.
E a lembrança que tenho é seu cheiro,
que ficou junto do abraço que me deu.

Havia muito de amor,
mais do que qualquer dor...

E cada suspiro de hoje,
foi por você estar em minha cabeça.

Havia muitas palavras,
e cada uma delas era simples demais.
Havia muito de ti,
em meus versos irreais.

Abraão Da Silva

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Castelos De Areia

Parece cada vez mais linda
em cada foto sua que vejo.
Seus olhos ainda mais brilhantes,
cores quais não sei esquecer.

Parece que estou em castelos de areia,
sempre deixo desmoronar um pouco por dia.
Penso estar em algum lugar,
mas na verdade, é só sua vida.

Parece cada vez mais feliz,
e ainda mais sarcastica que ontem.
Ontem no sonho que tive pela manhã,
que você aparecia e me fazia tão desigual.

Acho isso tão estranho,
castelos de areia em cima de um sonho.
Como um plágio, eu iria usar uma frase,
que dizia que as estrelas não morrem por o céu estar nublado.

Mas morro eu, a cada dia em que me deparo comigo mesmo,
morro de amores, de dores e embriaguez.
Morro sem medo, dentro de meus castelos,
meus intocados castelos de areia.

Abraão Da Silva

Mercado

A solidão plantada em cada verso,
prateleiras vazias por onde vejo.
Produtos caros,
quanto exagero.

Quando menos percebem,
vendem suas almas.
Mercado escravo,
sistema devasso.

Quando notares o que acontece,
que se tem o que merece.
Mas nunca notaria,
não merece o que tem.

A solidão plantada em cada beco,
cada verso sem nexo.
Sem verdades absurdas,
sem mentiras futuras.

O beco de cada uma solidão,
bate forte, vive, nobre...
Sobre meu peito,
cada estrofe.

Abraão Da Silva

Suor

Quero tirar sua roupa,
te beijar a boca.
Quero te deixar louca,
te causar arrepios.
Te fazer sentir calor,
em um dia frio.

Quero sentir seu sabor,
seu beijo de prazer e amor.
Seu suor em meu corpo,
minhas mãos a te tocar.
Quero te levar pra cama,
quero seu amor, quero te amar.

Quero te ver sem roupa,
te deixar sem jeito.
Te quero agora,
não apenas uma hora.
Quero por horas inteiras,
sem ninguém pra atrapalhar.

Quero essa selvageria,
na água fria, pra a gente esquentar.
Seus cabelos assanhados,
nossos corpos juntos.
Ainda mais suados,
numa noite de luar.

Abraão Da Silva