domingo, 27 de abril de 2014

Como Vinho ou Cerveja.

É na solidão que há espanto,
monstruoso orgulho que sinto.
Não tenho medo de ficar sozinho,
mas tenho medo de não ter alguém por perto.

Subitamente me escondo em lençóis sujos,
manchado por cada gota de lágrima que deixei cair.
É aqui que moro sozinho,
no meu lugar onde penso e vivo.

É nessa solidão que me escondo,
sempre que tenho medo de estar só.
Me enveneno no desapego,
achando que nada mereço.

É nesse espanto que há tudo o que desejo,
nesse mesmo receio me entorpeço.
Há alguém sempre comigo,
mesmo que comigo não esteja.

Há um amor que me rodeia,
apenas um que me deseja.
Seja como cerveja,
Seja vinho, como mereça.

Abraão Da Silva

domingo, 13 de abril de 2014

Ouvindo-os Vindo

Na varanda solitária,
apenas você, eu e mais nada.
Chuva fina, bem fria,
quase sem energia.

Ouvia passos, muitos passos,
pessoas passando, vindo do espaço.
Não via ninguém, não queria saber,
para nós, era apenas eu e você.

Estávamos quietos,
ouvindo-os vindo.
No frio deserto,
de longe saindo.

Ouvindo-os vindo,
da varanda pela rua.
Os passos incômodos,
nos deixando estressados.

Ouvindo-os falando,
enquanto nós pecamos.
Lá fora esfriando,
aqui dentro esquentando.

Abraão Da Silva